quinta-feira, abril 29, 2010

A moustache by any other name would look as fluffy.

Corria o ano de 1996, ano mítico para a história do Sport Lisboa e Benfica em que após um início de época imparável, o "glorioso" descambou para um dos maiores cocós futebolísticos de que há memória.

Parte integrante de uma “equipa-maravilha”, como chegou a ser vaticinado no início, onde pontificavam, entre outros, craques como Hassan, Mauro Airez, Luiz Gustavo e Martin Pringle….o Matador - como era conhecido entre os colegas do chope, talvez por ser ele o fornecedor da carne para os churrascos - chega ao Benfica vindo do São Paulo do Brasil para fazer meia época… O suficiente para marcar o clube da luz e os nossos corações.

Dono de uma técnica invejável e de uma capacidade física notável, Valdir sobressaía fortemente devido à sua farfalhuda concentração capilar no lábio superior, facto que lhe granjeou o cognome de “Valdir Bigode”, que posteriormente lhe foi muito útil aquando da sua transferência para a Arábia Saudita, mas vamos por partes.

Poucos segundos depois de nascer, Valdir já granjeava o seguinte comentário da parteira: “Pô gente, essi minino vai ser jôgadô dji futchibou!, olha só pra essi bigodji!” (é preciso relembrar que estávamos no inicio dos anos 70, e nessa altura ter bigode era um dos requisitos para se ser o verdadeiro futeboleiro… mais ou menos o que se passa hoje em dia com o Cabelinho à Maniche). Aí ficou então traçado o destino de ‘Valdirzinho’ – como era conhecido pelos amigos da favela - iria ser jogador da bola!

Após a formação futebolística, onde pontificou nas equipas de futsal, futebol de praia, futvólei, futminton e futby da colectividade do seu bairro-natal, eis que chega a oportunidade de se estrear nas ‘grandes ligas’ ao serviço do Vasco em 1992, ganhando grande admiração da torcida e também por parte dos colegas, nomeadamente de Roberto Dinamite que disse: “…o Valdir além de ser um grande goleador, é também um excelente cortador de carnes.”

Ao fim de três épocas gloriosas, em que Valdir conquistou uma série de troféus (entre eles o de melhor picanha e o bife mais tenrinho do Rio de Janeiro), foi contratado por outro histórico, vulgo o São Paulo. Seria aqui que a sua performance no campo da charcutaria e abates de gado atravessaria o Atlântico onde os responsáveis benfiquistas, atentos como sempre e com necessidade de organizar uma tainada, e sabendo de antemão que as melhores carnes são as da América do Sul, decidiu adquirir os serviços de Valdir Bigode.

Em plena época de 96/97, numa fria manhã de Dezembro, aterrava o voo número 457 da Varig no aeroporto de Lisboa… Voo histórico nos anais benfiquistas, pois ao mesmo tempo chegava Valdir à Doca de Santo Amaro no interior de um contentor vindo de Terras de Vera Cruz que continha também, entre outros, Lúcio Wagner e Luiz Gustavo sendo os únicos que resistiram à fome e peste na extensa área de 6 m2 do contentor – o mesmo já não se pode dizer das grandes promessas que acompanhavam o craque, nomeadamente Doricleivison Jr. e o infeliz Marcelo Ramiro Camacho, vedeta do Bangu, que durante a viagem foi abusado sexualmente pelos colegas, que o apelidaram ‘carinhosamente’ de Ho.

Mas Valdir Bigode chegou enfim aos píncaros do afecto da massa associativa encarnada, não só pelo seu futebol estonteante mas também por patrocinar uma cadeia de roulottes de bifanas e couratos nos arredores do estádio da luz, razão pela qual o seu colega de equipa Martin Pringle apanhou várias diarreias fulminantes, resultando nas suas correrias desenfreadas no intervalo dos jogos em casa… Quem se queixava era Bermudez, que durante os estágios levava uma mala cheia de vaporizadores ambiente para disfarçar o cheiro, resultando na sua ida para a Argentina… O colombiano nunca mais foi o mesmo.

Mesmo demonstrando toda a sua qualidade (futebolística e de charcutaria), o Sr. Bigode transferiu-se no final da época de volta para o Brasil, nomeadamente para o Atlético Mineiro, dado terem surgido abaixo-assinados e várias manifestações para o regresso do jogador: aparentemente havia várias famílias ansiosas pelo regresso do matador e das suas carnes.

Futuramente, Valdir passou pelos Emirados Árabes Unidos onde representou o Al Nasr, acabando a sua frutuosa carreira no Al-Nassr da Arábia Saudita.

Bigode possui hoje uma cadeia de talhos e casas de abate, continuando a sua lenda de Matador, dando aulas de xadrez a deficientes mentais nas horas vagas, pois segundo ele: “Faz-me lembrar os tempos em que brilhei no Benfica”.

E sim, Valdir ainda hoje ostenta o seu bigode com orgulho!


Post Scriptum Cromatium: Este arroto com leve odor a bolo alimentar foi regurgitado pelo omnipotente SEPH, do blog "O Dia Seguinte". Para quaisquer reclamações, visitem o referido site e demonstrem toda a vossa indignação para com o escriba. Bem Hajam.

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...